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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

in SÍNDROME DE DOWN

Cromossomo do amor uma ova!

Uma expressão muito comum entre pais de crianças com síndrome de Down é que o cromossomo extra é o cromossomo do amor. Tal expressão, todavia, creio, é repetida sem maiores reflexões. Tenho que tal expressão, e outras do mesmo naipe, devem ser repelidas e, espero, um dia caiam no ostracismo.
Tenho três filhos, um com síndrome de Down. Amo os três na mesma intensidade, então, o cromossomo extra não me faz sentir mais amor. Se tivesse um único filho, o amor seria o mesmo que tenho hoje.
Os meus três filhos têm plena capacidade de amar, de desenvolver empatia. O moleque, por ter umcromossomo a mais, não é mais capacitado para amar do que as duas meninas. Assim, o que vejo na prática, é que o cromossomo extra não dá a ele nenhuma vantagem na capacidade de amar. Portanto, o cromossomo extra não faz com que ele seja mais capaz de amar do que qualquer outra pessoa. Ele não será mais amoroso por ter síndrome de Down.
Se a síndrome de Down não o faz mais digno de receber amor do que qualquer outra pessoa e não o dota de uma capacidade maior de amar, porque razão se insiste nesta expressão sem sentido? Respondo, sentimento de piedade e preconceito.
Tadinho, ele tem síndrome de Down! Mas, em compensação vai ser mais amado. É o cromossomo do amor! Alto lá cara pálida, ele vai ser amado igual. Em matéria de sentimento, o que vejo é que ele, em nossa preconceituosa sociedade, recebe é mais preconceito e desprezo. Essa coisa de dizer que é ocromossomo do amor serve é como desculpa para negar direitos. Olha, não vai receber o mesmo acesso à educação, mas será “um querido”, será muito amado. Amo o meu filho da mesma forma que o amaria se ele tivesse paralisia cerebral, hemofilia, fenilcetonúria ou uma verruga no nariz. Amo da mesma forma que amo os demais.  Não é a síndrome de Down que define o meu amor.
Alguém já deve estar pensando em responder que “eles” são uns fofos, são dóceis, são amorosos. De novo, alto lá cara pálida! Esse tal de “eles” é uma generalização odiosa. Não existe “eles”, como se fossem uma entidade à parte da humanidade. Existe nós, seres humanos, cada um com a sua individualidade e circunstâncias. Não existe “eles”, com a generalização que se usa por aí. Cada pessoa, com ou sem síndrome de Down, é única e não pode ser reduzida ao “eles”.
Não podemos confundir as coisas. Muitas vezes dedicamos mais tempo ao filho com deficiência do que ao(s) filho(s) sem deficiência. Mas não se trata de amar mais um do que o outro. Trata-se simplesmente de dedicar mais tempo ao que é mais emergencial, trata-se da verdadeira noção de equidade, de dar a cada um o que precisa. É segue um conselho, se tem outros filhos, dê um jeito de se virar e conseguir tempo para eles também, senão crescerão revoltados com o “filho preferido”.
Acho, e essa é uma opinião pessoal, que devemos parar de “romantizar” a síndrome de Down. Se é verdade que a deficiência não é uma maldição, tampouco é uma bendição. É uma condição genética que traz inúmeros e sacrificantes desafios. Traz sofrimentos à pessoa com síndrome de Down e aos seus pais. Qual mãe ou pai que não sofre ao perceber o preconceito? Acredito que o nem mais alienado dos alienados não sofre ao ver e perceber a discriminação.
Também acredito que não podemos minimizar os efeitos do cromossomo extra. Por causa deste cromossomo extra, muitos pais já viveram o luto da morte, por causa das complicações cardíacas. Não é justo minimizar tal sofrimento. Não é apenas um cromossomo extra, é algo que traz sérias implicações à vida da pessoa com síndrome de Down. Por causa da impressão que muitos passam de que asíndrome de Down é um mundo cor de rosa enfeitado com purpurina é que muitos direitos são negados.
Enfim, sei que muitos vão discordar, muitos vão criticar, mas isso de cromossomo do amor não faz sentido. Síndrome do amor uma ova!

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